A caminho de Rio Bonito

Às vezes, a caminho de Rio Bonito,

Quando passo pelos campos...

Sinto-me como se estivesse separado do mundo

Terrivelmente sozinho, isolado.

O campo está tão esquecido, que não se enxerga

Viva’lma ao longo do meu viajar;

São carências, que leva o derrotismo,

A falar nas feições dos poucos que vejo...

Nos pequenos centros urbanos que passo.

Mesmo o verde, que por dentro dele traço,

Não me traz felicidade ou sorrir, só pensar;

E os pontos amarelos que enfeitam este verde

Só me faz perceber que estamos na época.

Mas, meus olhos que vagam de forma imprecisa

Entre cercas de arames farpados se ferem,

Qual o gado que pasta a relva

Reduzindo suas chances de vida.

São limites que margeiam o meu fim

E o meu começar de novo.

Talvez por isso, esta seja a resposta

De tanta solidão rural, de sofrer.

Pois, meus olhos que vagam nota

Tantas propriedades mortas,

Nuas, desprovidas de rostos alegres.

Vejo que chego ao destino e não agüento saber isso diário

De modo sem nada fazer, pois dividem os campos à solidão rural...

Alguns latifundiários.

Vicente Freire – 04/09/1982.