a cidade tomada

Nos momentos inoportunos, a inquietação

Move-se para o labirinto, a fechadura

é a própria porta. Às margens da cidade

ainda imberbe, o batom vermelho

revela mais das mulheres que confissões no quarto.

Não adentro! Este espaço já foi tomado

pelo silêncio delirante, lepra de sombra e prata.

Já falam com os ouvidos do tempo,

diante do fogo antigo, jovens gritam,

e seus sonhos desfalecem quando o pensamento

lhes rouba a cantiga sacra e os atira ao mar!

Os mortos, nos bancos das praças, clamam,

aquilo que não ousaram dizer em vida! Boca

ondulada na esmeralda bordada do fruto

amargo. Sua língua, um bicho de metal,

estende-se à árvore onde o homem,

num momento audaz, subiu — a terra

lhe causando medo. No sexo das pedras, a vida

escorrega pelos dedos da serpente!