Canção do desespero

Enquanto rezava,

Mantinha o olhar atento ao céu,

Ajoelhado ao chão frio

Rubro e pueirento

Sob um teto cheio de buracos,

De conseguir ver o manto cinzento

Das nuvens espessas e cruas 

Tão distantes

Quanto as minhas esperanças…

De certo eu não podia comparar

O mesmo céu

Com o piso de terra batida

Do meu pau a pique

Sem tramelas nas portas

E janelas

Com a simplicidade da minha reza…

E era tão pura e casta

Que nos primeiros raios da manhã,

Já Deus me visitava.

Eu tinha tudo.

Mas o que tinha não me bastava.

A força de uma oração 

Que abre o peito e cala

Sob a Bíblia aberta de um cristão

Não será mais forte

Que o meu choro

Quando eu não tinha nada e nada pedia…

Hoje. 

Com tudo que tenho,

Me envergonho de precisar pedir-Te

O que sempre me ofereceu de graça:

Paz.

Paulo Roberto Benedito
Enviado por Paulo Roberto Benedito em 23/07/2023
Reeditado em 24/07/2023
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