PERENE

Hei de ser

o que em ti não me encerro,

das lembranças

sepultadas em eras ainda

de esperanças

sou eu que elas desenterro.

Entre ser

o criador e esta inquietante

criatura,

hei de ter um último

momento

do tamanho do infinito

que perdura.

Hei de achar-te

no meio desse vazio

e deitar-me em ti por inteiro

e banhar-me de ti

até que o último rio

me roube

a cama

para que não se seque o leito.

Hei de conjugar-te

nas formas imensuráveis

de amar

e de arrancar-te o verbo,

e de mim arrancares a verve

até não ter mais o que

falar.

Então seremos somente

silêncio,

ensurdecedoramente,

silêncio,

na forma mais perene

de sonhar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 08/08/2023
Reeditado em 08/08/2023
Código do texto: T7856712
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