secretos devotos

Em cada pétala, secreta, acontece a ternura

que desliza pelo jardim florescido,

estrelas úmidas amortece da pele

a erótica florescência de um desejo desperto.

A experiência deságua e o encontro é uma árvore

frondosa e líquida que se envolve na plenitude

das coisas satisfeitas, lágrimas perfumadas

e sulfurosas fluem entre as entranhas.

É profunda e bela o tilintar da cascata,

o vapor que foi destampado, onde a aurora

e o crepúsculo são oreolas do mesmo lençol,

se entrelaçam numa dança cósmica.

Que aproxima o universo de seus pecados,

e a intimidade das mãos com a pele,

substância inscrita no mesmo gozo,

ascende dois jovens devotos e perdidamente puros.

Na impureza dos poros que se declinam,

a água de onde a vida venera a paciência,

corpos eriçados pelo molhado das coisas belas

se desmancham no devaneio da matéria.