ALTAR

Nesta casa de paredes nuas e mornas

Tudo permanece

Todo caminho longe vem bater aqui

As tardes morrem diante da sacada

As madrugadas agonizam ao pé da porta

Os dias espreitam pelas frestas das janelas entreabertas

Podes então me dizer como escapar

Desse circuito fechado onde o corpo aprisiona a alma

E o tempo desenha mapas intermináveis a partir dos meus passos

Observo as unhas crescer

E os cabelos revoltos

Mas meu rosto impassível

Não revela o conteúdo dos sonhos

E os olhos pesados silenciam a cor da insônia

Nesta casa de carne e osso

o oco da memória faz soar a hora do regresso

Como quem prepara o ninho da espera

E beija vidros sobre rostos emparedados

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 16/08/2023
Código do texto: T7862951
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