RETIRANTE

Não havia chão,

as cicatrizes

prometeram apenas sustentar seus passos,

os sonhos — já se esquecera —

se semearam em terrenos inférteis.

Estavam mortos ... mornos,

na tepidez

da esperança

ingênua ...

na aridez

do útero da terra.

Escolhera

a desditosa caminhada,

haveria de encontrar lugar

para sua dor

e a ausência das lágrimas

que o sol evaporou.

O tempo se curvou

na indiferença de sempre

o mesmo amanhã,

seu espaço não coube

no vazio,

nem na existência inexistente.

Apenas a sensação

de sobrevivência vã,

um caminhar sem fim,

como quem procura uma penitência,

se retirando da vida ausente.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 19/08/2023
Código do texto: T7865556
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