A CEREJA DO BOLO.

Entre eu e você há

Um poema que exige ser escrito.

Esta gota que caiu do meu

Olho esquerdo,

Não sabe que o direito a ignora,

E por isso vivem em harmonia.

Quando pego a caneta você me escapa

E esse tremor das minhas mãos

Pode me levar a um passo do abismo,

Sei que não vê , ainda não sabe que entre nós há um poema para ser parido.

Hoje concentrei neste espaço nosso,

Há muita terra para ser removida

E a enxada ,ca para nós . Está velha e cega.

Eu sou como a velha que areia a panela só pelo brilho,

Você é a cereja que a confeiteira escolhe para arrematar o bolo.

Ao pensar, mergulhei numa ribanceira,

Tive alguns desejos, e tentei auferir o brilho

Das possibilidades,

Aí lembrei o que minha vó dizia,

A vida é uma pedra que rola no curso do rio,

Debaixo de sete palmos de terra, habita tantas ilusões.

Novamente você me escapa,

É lisa como um peixe que foge do pescador,

Tentei te dar formas, quis te colocar no palco,

Mas a felicidade não depende do autor,

A felicidade é a mistura do que sai da caneta

E o brilho dos olhares que por ela passa.

Acho que já entendeu,

Minha incompetência literária fez jorrar outra

gota , e está caiu do olho direito,

Não foi só por sentimentos, mas por infinitude,

Pelo ângulo que te olhei, percebi o abismo,

Medi meus braços, eles são curtos,

Me retirei do palco, aguardo outra oportunidade

para mergulhar na felicidade.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 25/08/2023
Reeditado em 25/08/2023
Código do texto: T7870112
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