Conversa de Lavadeiras

Em meio aquele regato\

O sol da manhã\

A esgueirar-se pelas folhas\

Das árvores a beira do igarapé\

Ao mesmo que acompanhar\

Parecia também, querer saber\

Algo, que iria se falar\

Daquelas mulheres\

Em suas vestes comum\

Com as pernas dentro da água\

Subindo as saias no sopé da ilharga\

Com as mãos a esfregar o sabão\

Em barra nas inúmeras roupas\

A boca não sossegava\

Talvez pra o tempo passar\

Maria a costureira\

Foi a primeira a relatar\

Mana, coitada da Rita\

Tetê , passadeira, quis saber\

O que que há\

Tu não sabes completava a mais velha\

Dona Eulália\

E a continuar Maria entregava\

A filha caçula dela tá grávida\

Rute se pôs a julgar\

Cláudia ficou no ar\

A perguntar\

Quem é o pai\

Enquanto Marília se espantava\

Vixe... Tão nova\

Quem vai cuidar\

Raimundinha até podia ficar calada\

Mas preferiu arriscar\

É um tal de Sabá\

Ixi, é o amante da Isaura\

Aquela cabocla doida\

Finalizou Nete\

Coitada da Rita todas ficavam a lamentar\

Dona Eulália contrariava\

Se fosse minha filha ia pegar uma peia\

E ainda colocava as troxas dela na rua\

Mas ponderava Maria\

Eu ia atrás do pai, pra ele assistênciar\

Tá louca, se esbravejava Cláudia\

Quando Marilia pra acalmar\

Nessas horas difíceis é melhor ajudar\

Concordava Raimundinha\

É se jogar na rua vai abortar e virar mulher da vida\

É nesse caso, o melhor é fazer criar\

Pra sentir o peso da responsabilidade\

Finalizou Tetê\

Que já saia dizendo até o outro dia\

Com uma trouxa de roupa na cabeça\

E outra lavada na bacia\