CONSCIÊNCIA

Do ventre da terra, um grão sou eu!

E a terra, sem mim, diz que se doeu,

E de volta me chama, no dia meu.

O próprio pó que eu piso, essência minha!

Terra molhada, choro meu!

Morada momentânea do meu eu,

Corpo pó, grão de areia, poeira que caminha.

Enquanto vestido de poeira,

Além do pó, minha atitude;

Meu berço, minha flor de juventude,

Meu proceder, enfeite a minha eira.

Tal o planeta, grão de poeira no universo,

Eu, um grão de terra em verso,

Nas páginas da vida, impresso;

Onde, cabe a mim, transformar.

Passando de pó à importância,

Enfeitando a insignificância,

Dos grãos que me sustentam.

Há pó, sempre um pó, um nada!

Não quero estar nessa jornada,

Meus grãos são montanhas,

Construídas à pique de entranhas,

Consciente, disposto e crente.

Ênio Azevedo

05/09/2023

Zé Doca - MA.