“Preciso ouvir o que me desagrada e desaprender”

Não devo pedir desculpas

Por demorar pra responder

Por não responder, por relativizar

Recolocar em modo de não lida

Visualizar e acabar por desperceber

E assim em meio ao monte desaparecer

É tanta coisa pra lembrar de pensar

Que pensando assim eu prefiro esquecer

Haja gaveta na cabeça pra caber

Tal como o tempo livre do homem

De gravata e blazer feitos de escassez

Não preciso me desculpar por não corresponder

Por não cooperar com o ritmo alheio do compreender

Pelo vão entre o que eu bem-quiser, o meu bem-querer,

O quanto me importar e o mal que isso me faz

O mesmo mal que isso me leva a fazer

O mínimo prazer por menosprezar

Oposto ao mau genuíno esse só causa desprazer

Só feri de volta em mim a mesma revolta e

Assim renova, reboca o muro que divide por sua vez

O que é de consumir e o que é autoconhecer

São só detalhes separatistas a superar pra suspender

Me faz feliz, nunca sei ao certo o que fiz

Sorrir na tristeza deprimente de depender

Abraçar o discurso e se contradizer

Na chama que propaga eu ei de queimar

Embora com um intuito inicial de aquecer

São páginas de um livro que prefiro rasgar

São fases de um jogo que eu não sei zerar

São lágrimas secas após tanto chorar

É escrita a vida remasterizando antigos olhares

Sob o tom de novos arranjos

Eu enferrujo, todos hão de enferrujar e ali

O ferro que feriu há de se desfazer

Permanecerá apenas o que o tempo ditar

Não a prepotência habitante na convicção do prometer.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 06/09/2023
Reeditado em 06/09/2023
Código do texto: T7879499
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