“Terapia do espelho (a costura bem no meio entre os recortes do desejo e da dissimulação)”

Eu posso não acertar bem onde venho mirando

Ainda assim confessa que é bom acordar ao meio-dia

Com a pia limpa e perfume do café passando

Que os bilhetes datados acompanhando tua comida

Confortam um coração cansado de levar tombo

E a cozinha não é só um cômodo de tapar buraco do estômago,

Mas também de tornar incomplexos amores mundanos.

De volta não acerta sempre no alvo também,

Sabe que convence toda vez que convém

Contudo segue tentando e persuadindo

Contrariando o engano dos contratempos

A pista da prova mais propícia mora no entorno

Contemplando tudo que perdoamos e aprendemos

Com o desempenho ferrenho dos últimos anos.

A cabeça lotada recusa conversa

Quando o coração apertado se fecha

Recuando até um carinho genuíno

Da boca seca sai o que mais dói

Essa história de ir logo ao que interessa

Deixa de lado o pré e após, partes primárias de nós

Detalhes acumulados que corroem.

Eu quero uma conversa sadia sem pensar que é tarde

Sincera e sem pressa, depois das dezoito se tiver interesse

Em desarmar das ferramentas do ego

Reconhecer o desacerto da interpretação

Requisitar o que te é de desejo

Reencontrar o outro lado do espelho.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 10/09/2023
Código do texto: T7882145
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