fungicida

Em cada mulher, um sol em torrente,

Cálice extasiado, frescor gélido, num

Espaço comprimido, veia púrpura a pulsar,

Como amuleto, mel e relva, essência pura,

Seiva ondulante entre enigmas, labirintos,

Como claustro liberto, teia de néctar a dançar,

Lábios encarnados, diamantes retumbantes,

Reflexo de água nas árvores, luz imberbe.

Começa o tempo em que a solidão me abraça,

O sol silencioso, apenas o mundo se mostra,

Suas entranhas revelam o esplendor quando clareiam,

Partes para a rua, o chapéu, escudo das pedras aguçadas,

Cai sobre a vida, tornas-te invisível, em atuação brilhante,

Um artista nas membranas do invisível, compreendendo a vasta e terrível beleza iracunda que desce do alto,

De longe, observo tua partida, uma polissinfonia de afastamento,

E alegria, pois se sabes abrir as asas que nos cobrem, sabes também conceder peso às sombras que são leves,

Mas assim, dói como uma pedra desconhecida, como uma casa distante da cidade,

E sinto-me pobre, encurvado sob a luz contestada, tumultuada, manchada,

Em mim, correm fragmentos de enfermidades, clausuras destemidas, sonhos,

Em todos eles, sou uma palmeira ressequida, uma panela sem memória, e uma

Noite que nunca se esvai, exceto pelo movimento das estrelas e a luz que atravessa

O céu para então retornar em outra órbita despida,

Depois, o silêncio amarrado aos pecados, o perfume

Da repetição, a trama sem fim, e o prazer dos encontros, uma memória que, sem o néctar da matéria, serve como refúgio das transgressões,

Pois tudo parece errado quando não é prazer, e tudo parece certo quando me dissolvo diante de teu sorriso e de teu corpo enraizado e iluminado,

Sofro, não sofro, apenas contemplo a moeda

Girando, suas faces em constante mudança, nem felicidade, nem tristeza, uma ponte que não leva a lugar algum,

Exceto a vertigem de uma luz apagada, o tédio de uma luz sempre acesa,

E tua sombra que se oferece, se entrega, eu me estico, sou uma onda a vagar pelo espaço e nada encontro,

Pois eu não existo, nem tudo, apenas dois nadas e o vazio,

Então, me conforto ao ver o sol, que ilumina cercas, carros que passam na rua com suas famílias sorridentes,

A moça que retorna com um sorvete e as pedras que se espalham na via, sou a via,

Sou as coisas que observo, a beleza nua e ressonante que se entrega,

Em breve, a noite, as estrelas e este sofá que suporta meu peso.

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Praias imensas me atraem, temido namoro com o mar,

O destino, essa pedra, firme, escrita ou virgem,

Nos anima na invisível visagem do futuro

No inverno, coisas giram em outro ângulo,

Água inundando o vazio da ausência mais intensa,

Meio-dia, o vazio paira,

A sombra sobre si mesma se projeta, o sol fala apenas a si mesmo

Pássaros sem nome, seu vendaval após o alçapão.

Os olhos não desvendam,

Fogo, ruas, parede e vale, essa textura, ou a cor da lâmina mais densa,

São ínfimas paisagens reveladas; o sol a tornar-se sol nas pequenas sombras.

Dominando o espirro das águas, como um rio serpenteante de grãos dourados, desaguava,

Agitado, seu pulso na frequência mais acesa, alguém está amando,

Neblina que faz brilhar o belo empurra a perspectiva para os cantos,

Na trama debilitada do gelo, crianças forjam lembranças.

A beleza empurra a atmosfera,

Levando-a a quadros requintados, infantes à beira de praias.

Nos tornamos água, óculos líquidos que nos apresentam de outra forma,

Do mesmo jeito que sabemos do sol, da coruja, cujo pescoço todo ao redor é preservado.

A memória magnética atrai para si tudo que é análogo.

Então esquecemos, o amor, esse sedimento;

Amor aprendido como uma ponte feita exatamente para não afundar no rio profundo e se afogar em pensamentos.

Ao meu redor, quase, o que não foi, desapareceu no elástico esforço das camadas que perderam seu calor

Os anos, somados um após o outro, não são os mesmos dos termos encravados,

Sou, mais cera que substância séria, a fruta entorpecida em fazê-lo.

Na praça, a vida se reflete na elegância de um copo, na amplitude de uma mesa.

Com seu panos de pratos, leves rotação de gravidade que nos torna,

Os cães vivem pouco, as formigas são apenas formigas, e as carnes é o veículo mais desejado.

Sabemos mais do que parte de um bicho que não caminha com os signos, o tempo, finito,

Ela mesma, a moça nunca esquecida, pluma branca e branda, vertigem que não acaba, saliência existencial que declama, finita, mas infinita dentro de um casulo, é amada, e toda água é onda que lhe aclara.

Em cada mulher, uma torrente de sol

Cântaro extasiado, frescor gélido, no

Espaço comprimido, veia púrpura a pulsar

E amuleto, essência de mel e relva,

Seiva ondulante fluindo por

Entre os enigmas, labirintos estanhados,

Um claustro liberto e uma teia de néctar,

Lábio encarnado, boca, diamante retumbante,

Um reflexo de água que escorre pelas árvores

E lança a luz imberbe sobre a pele macia.

Quero esta mulher, cujo corpo treme

Ao tocá-la, que na intimidade é a sombra

Rubra em um lago escarlate, onde a vida

Se prontifica, grave e externa, profunda

E extrema, margeando o rio dos signos,

Rio de letras potentes e palavras afogadas,

Ama, me consome, ampara, e eu me entrego,

Me deixo ao escuro, pois sou breve, sou

Apenas um relâmpago na noite eterna,

Tenho todos os anos, seu leite é minha carne branca

E líquida, seu corpo meu continente, com vales, montanhas

E um lago de água leve e serena, sulcos intermináveis

Onde ressoa a música profunda, encantadora, ninfa

Sedutora, música perdida, sereia indomável, sagrada

E profana, mais sagrada que profana, na verdade apenas

Sagrada porque eu sinto, porque eu amo, sua voz é

Vento sonorizado, balada montada no vento, que empurra meu barco e o faz balançar, onde embaixo, o profundo

Mar invencível me aguarda terrivelmente,

Visita definitiva, mais ossos do que eu, mas sobra do que eu,

Mas sombra que ama nessa imensidão,

Que é medo e a vontade querendo dizer qualquer coisa,

Uma coisa no ouvido, na pele de uma sensação, que te

Aquece e em teu prazer, renasce, se cria, rasga como

Eu me rasguei dentro do tempo, então somos no interior

Do tempo, nas suas cavernas de agonia, com suas asas

Que brotam de pedras imensas que atravessam o descampado

Onde tiramos a roupa, ela, uma luz, eu, um cometa de cauda

Exata a lhe propor um choque, uma trombada, uma morte

Em verdade, carne ao relento, no gume do real, na mesma

Fila daqueles que estão nascendo, daqueles que estão morrendo

Porque todos nós participamos da mesma perdição,

Onde a vida se faz espetáculo, a noite encontra o dia,

E sendo um só: é língua elétrica a roçar a verdura mais

Imediata, mais veloz, pois na queda se encontra a altura

E a altura é o fundo mofado de uma queda,

Minha vida e a dela entocadas, previstas, amadas,

Sem medida, nenhuma regra chega tão

Perto de um relâmpago feito de sangue

E de faca, é assim que as pedras nascidas

De uma brasa são mais e mais esquentadas,

Já não existo, a amada também não,

Só essa voz que narra, livre, perdida, sem

Rumo a encontrar o próximo verso, voz que

Também sangra na busca por salvação.

Em cada mulher, uma torrente de sol

Cântaro extasiado, frescor gélido, no

Espaço comprimido, veia púrpura a pulsar

E amuleto, essência de mel e relva,

Seiva ondulante fluindo por

Entre os enigmas, labirintos estanhados,

Um claustro liberto e uma teia de néctar,

Lábio encarnado, boca, diamante retumbante,

Um reflexo de água que escorre pelas árvores

E lança a luz imberbe sobre a pele macia.

Quero esta mulher, cujo corpo treme

Ao tocá-la, que na intimidade é a sombra

Rubra em um lago escarlate, onde a vida

Se prontifica, grave e externa, profunda

E extrema, margeando o rio dos signos,

Rio de letras potentes e palavras afogadas,

Ama, me consome, ampara, e eu me entrego,

Me deixo ao escuro, pois sou breve, sou

Apenas um relâmpago na noite eterna,

Tenho todos os anos, seu leite é minha carne branca

E líquida, seu corpo meu continente, com vales, montanhas

E um lago de água leve e serena, sulcos intermináveis

Onde ressoa a música profunda, encantadora, ninfa

Sedutora, música perdida, sereia indomável, sagrada

E profana, mais sagrada que profana, na verdade apenas

Sagrada porque eu sinto, porque eu amo, sua voz é

Vento sonorizado, balada montada no vento, que empurra meu barco e o faz balançar, onde embaixo, o profundo

Mar invencível me aguarda terrivelmente,

Visita definitiva, mais ossos do que eu, mas sobra do que eu,

Mas sombra que ama nessa imensidão,

Que é medo e a vontade querendo dizer qualquer coisa,

Uma coisa no ouvido, na pele de uma sensação, que te

Aquece e em teu prazer, renasce, se cria, rasga como

Eu me rasguei dentro do tempo, então somos no interior

Do tempo, nas suas cavernas de agonia, com suas asas

Que brotam de pedras imensas que atravessam o descampado

Onde tiramos a roupa, ela, uma luz, eu, um cometa de cauda

Exata a lhe propor um choque, uma trombada, uma morte

Em verdade, carne ao relento, no gume do real, na mesma

Fila daqueles que estão nascendo, daqueles que estão morrendo

Porque todos nós participamos da mesma perdição,

Onde a vida se faz espetáculo, a noite encontra o dia,

E sendo um só: é língua elétrica a roçar a verdura mais

Imediata, mais veloz, pois na queda se encontra a altura

E a altura é o fundo mofado de uma queda,

Minha vida e a dela entocadas, previstas, amadas,

Sem medida, nenhuma regra chega tão

Perto de um relâmpago feito de sangue

E de faca, é assim que as pedras nascidas

De uma brasa são mais e mais esquentadas,

Já não existo, a amada também não,

Só essa voz que narra, livre, perdida, sem

Rumo a encontrar o próximo verso, voz que

Também sangra na busca por salvação.

Em cada mulher, um sol em torrente

Cálice extasiado, frescor gélido, num

Espaço comprimido, veia púrpura a pulsar

Amuleto, mel e relva, essência pura,

Seiva ondulante entre enigmas, labirintos,

Claustro liberto, teia de néctar a dançar,

Lábios encarnados, diamantes retumbantes,

Reflexo de água nas árvores, luz imberbe.

Quero essa mulher, cujo corpo treme

Ao toque, na intimidade, sombra rubra,

Lago escarlate, vida prontificada, profunda,

Margeando rios de signos, palavras afogadas.

Ama, consome, ampara, e eu me entrego

Ao escuro, sou breve, um relâmpago na noite.

Seu leite é minha carne, corpo continente,

Com vales, montanhas e lago sereno,

Sulcos onde ressoa música profunda,

Sedutora, música perdida, sereia indomável,

Sagrada, voz é vento sonorizado,

Balada no vento, que empurra meu barco.

Mar invencível me aguarda terrivelmente,

Visita definitiva, sombra que ama na imensidão.

Medo e vontade sussurram no ouvido,

Sensação aquece, renasce, cria, rasga.

Dentro do tempo, nas cavernas de agonia,

Asas brotam de pedras que atravessam o descampado.

Nua, ela é luz, eu, cometa de cauda exata,

Choque, trombada, morte, carne ao relento.

No gume do real, na mesma fila,

Nascendo, morrendo, mesma perdição.

Onde vida se faz espetáculo, noite encontra dia,

Só uma língua elétrica roça a verdura veloz.

Na queda encontra altura, altura é fundo mofado,

Minha vida e a dela entocadas, previstas, amadas.

Nenhuma regra perto de relâmpago de sangue

E faca, pedras nascidas de brasa se esquentam.

Já não existo, a amada também não,

Só voz que narra, livre, perdida, busca salvação.