O que eu não queria ver

Eu senti

A tua alma gritando - ouvi

Vi - veias abertas

Sangrando

A pele nua

A seiva crua

Escorregando

Ouvi teus gritos - aflitos

Vi - o tombo

Ouvi o estrondo.

Vi pássaros atormentados, procurando

O outrora, lugar do seu ninho.

Mães, passarinhas, sem seus filhos.

Pedaços serrados, amontoados

Remontados.

Eu estive com os olhos molhados - no cerne.

Há algo que ainda dizes?

__ Não mais frutos

__ Nâo mais sementes.

__ Não mais sombras.

__ Não mais verdes.

__ Não mais raízes

Eu vi o pó de teu ouro - Tão caro.

Agora, inválido,

Se esvaindo no vento.

Cavacos e cacos dispersos.

Vi a casa abrigo, com teus pedaços.

Teu lamento.

Vi o que eu não queria ver.

Vi a ganância esquálida

Devassidão - o tom do cinza

Desfigurando tua multicor.

Vi tantas coisas que de ti fizeram.

Vi a MORTE... E, por sorte

Talvez veja filhas tuas

Brotarem como rebentos: BENTOS.

Por que tens alma feminina

Tens forças pra renascer.

JANET VITAL
Enviado por JANET VITAL em 17/09/2023
Reeditado em 18/09/2023
Código do texto: T7888055
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