“Barateou”

Passou do ponto de excitação do flerte

Foi fingindo pingente feito decoração

Descartável no conjunto das faculdades da emoção.

Atropelou sem socorrer, fugiu como quem faz as malas

Batendo a porta da frente, seguramente sem direção.

O calor de corar o rosto daquele interesse instantâneo

De largar tudo em continência pra inteira prontidão.

Só queria quando não tinha o bendito aceitamento,

Quando permanecia viva a dúvida do não

Assentando nos terrenos do pensamento de um sujeito

Inconvicto da fileira de intenções.

Encostou no ponto de desembarque

Infiel desencontro na esquina do adeus.

Nem por isso eu desmenti o que sentia

E sentia muito, ela sabia, sentia tanto

Quanto a serventia das palavras me doeu.

Dei as costas revelando a peça faltante desse quebra-cabeça

Com mais cara de remenda-coração.

Não era último capítulo de novela das oito

Transbordando lágrimas cenográficas através tela

Tapando os olhos das crianças na sala

Em cenas semi pornográficas de coito

Não havia obstáculo sinalizando um sútil abandono

Tampouco, foi sobre soberbos sentimentos

E sim, sobre saborosas sensações (preciso replicar aqui que existem

armadilhas persistindo em confundir carência, abstinência, obsolescência,

absorvendo qualquer quebrante pra desrazão),

Independente da indecência de ir pra debaixo do cobertor

Sem um pingo de coerência, quem sabe a correspondência

Seja um estado incapaz de computar. Tal qual um computador

A lixeira vai armazenar por tempo determinado

O previsível dispensável a contrapor.

Me perdi nas consequências

Apostei o que tinha no peito, fui à falência

E o jogo então reiniciou.

Me endividei ilhado num dilúvio de decepções

É um abrigo, é o amor fluido, líquido amor.

Na liquidação, feito feira de black friday,

Numa sexta sem desconto, liquidou.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 18/09/2023
Reeditado em 19/09/2023
Código do texto: T7888374
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