Asas

Ontem, quando tocou meu ombro

Tive arrepios, espanto.

Meu corpo tomado enquanto

Em seus olhos: assombro!

Procurava, sei, nos escombros

Palavras que apaziguassem meu pranto.

Aninhei-me em seus braços, tanto!

Em seu abraço, lasso, encontro

A poesia que em mim gritava

Num transbordar subjetivo.

Você me gritava: vai!

Soltei-me do que me amarrava,

Meu corpo solto, imperativo,

Era um par de asas: voava!…