No Limbo
Os dedos já não estão mais dormentes
A paranóia agora é constante
Não verás mais os Sóis poentes
A dor: tua única amante...
Estás numa terra negra como um corvo
Num vazio, numa escuridão
A Luz, um maçante estorvo
Ainda que não reflita tamanha amplidão
Vagas entre os paralelos
Entre o passado e o futuro
Eterno crepúsculo sem tons de amarelo
Onde tudo, absolutamente, é obscuro
O frenesi toma conta, começa a crescer
O céu rubro envolto em chamas
E teu sangue frio a escorrer...
Pedes mais. Por aflição clamas
Neste mundo não há o dia
Tudo é treva, sombrio ritual
Abre-se o átrio da agonia
No teu órgão cardeal
Que não vigora, não mais pulsa
É gélido, te atormenta
Sofres e a vida repulsas
O ódio é o que te alimenta
Sentes o gosto do Terror
Tua volúpia: teu pranto em exagero,
Tua carne lacerada exalando o torpor
Do medo, do desespero