No Limbo

Os dedos já não estão mais dormentes

A paranóia agora é constante

Não verás mais os Sóis poentes

A dor: tua única amante...

Estás numa terra negra como um corvo

Num vazio, numa escuridão

A Luz, um maçante estorvo

Ainda que não reflita tamanha amplidão

Vagas entre os paralelos

Entre o passado e o futuro

Eterno crepúsculo sem tons de amarelo

Onde tudo, absolutamente, é obscuro

O frenesi toma conta, começa a crescer

O céu rubro envolto em chamas

E teu sangue frio a escorrer...

Pedes mais. Por aflição clamas

Neste mundo não há o dia

Tudo é treva, sombrio ritual

Abre-se o átrio da agonia

No teu órgão cardeal

Que não vigora, não mais pulsa

É gélido, te atormenta

Sofres e a vida repulsas

O ódio é o que te alimenta

Sentes o gosto do Terror

Tua volúpia: teu pranto em exagero,

Tua carne lacerada exalando o torpor

Do medo, do desespero

Espectro Abissal
Enviado por Espectro Abissal em 24/12/2007
Reeditado em 05/06/2010
Código do texto: T790237
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