LODO

Meu verso não é dono de nenhum mapa,

ou sequer do porquê que eu mesmo saiba.

E fato: nele nunca houve algum caminho,

e, sendo assim, não se considera perdido.

Muitos poetas confundem os seus ofícios

— só cavam a cacimba do próprio umbigo,

e creem que são feitos de ouro e de graças,

num sonho cheio de saraus e de metáforas.

Refiz do silêncio este meu dialeto de ruídos.

Remexo as sílabas… E será que dá palavra?