Corpo e Alma Córregos do Mundo

 

Esse ser que dança numa sala a luz de vela,

Que a alma se eleva diante da flor mais bela,

Esse ser que ora é um palco vazio e frio

Outra hora multidão a tremer em calafrio

Faz as notas do violino tremer fora do ninho. 

 

Pedaços inócuos ou doces desse ser em arte

Que é dança, peça, retalhos da mesma parte

É artesanato dos pedaços desse aço da face,

Parte de um quebra cabeça sem tanto disfarce.

 

Esse ser corpo e alma bebem na mesma taça

Saboreia dos licores e do veneno que o laça

Ontem borrão, hoje enredo dos retraços da vida.

O certo que soube amar e nem sempre partida

E a cada véu que era arracado curava-lhe as feridas.