Obrigado Manoel de Barros

Procurei imitar Manoel de Barros e comecei por tentar fotografar o silêncio. Fracassei! Positivamente não sou fotógrafo.

Procurei inspiração em outros de seus poemas, mas não adiantou.

Escrevi e deletei muitas vezes, mas tudo era tão insosso que desisti.

Desapontado comigo mesmo, descobri que não sou poeta. Falta-me talento!

Sou vazio no escrever. Não consigo conceber um menino carregando água em peneira, uma pedra dando flor, ou o pendurar de um bem-te-vi no sol.

Como fazer para abastecer o abandono, como fazia seu avô? Sei lá!

Alguém já viu passar um galho de pau movido a borboletas? Não? Eu também não.

É muita imaginação, muito encantamento!

E é assim mesmo que tem que ser, porque, como disse Felisdônio, comendo papel nas ruas de Corumbá, as coisas que não existem são mais bonitas.

Não produzi nada, mas as leituras que fiz me engrandeceram a alma.

Obrigado, Manoel de Barros!

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 19/10/2023
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