Restos

As bordas do seu prato

Estão sujas do sangue

De alimento tingido

Com azeite de oliva e sal.

De qual alma a sua alma

se sustenta.

De qual carne a sua carne

precisa.

Em quantas taças

Estão os resquícios

Dos seus amores bebidos.

E em quais delas

Ficaram as sobras

Dos instantes

Em que perdeu mais tempo.

O teu silêncio

Jamais alimentará o seu grito,

Nem o seu gemido

Satisfará o seu prazer e dor.

De certo a vida é tão apenas

O tempo que já passou.

O amanhã é somente restante.

Paulo Roberto Benedito
Enviado por Paulo Roberto Benedito em 19/10/2023
Reeditado em 19/10/2023
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