EU ...E O NADA!

Vim do nada; minha mãe

era o nada; foi só o rio e as águas,

e o nada de tudo o que faltava!

Vim do nada; meu pai

era o nada; foi só a caatinga,

e quanto nada! Nem areia, nem restinga!

Vim do nada; meu irmão,

o mais velho, era o nada; foi só um cavalo,

uma corrida e resfolego; e um boi magro!

e um menino que, mago,

veio do nada; e se continuou na poesia

e, nada, aprendeu a fé, o canto e a melodia!

e virou "zé", o nada,

do enfeitiçamento das palavras, dos versos,

dos delírios, da paixão, da dor e do incesto!;

do violão, dos tons e trinados;

do bailado; do tablado, do tambor e da canção

entoada aos peitos e às ancas, ao andar e ao requebrado!

Vou pro nada! Vou sendo "zé'! Como sói ser!

CLAUDIO BAHIA, 30/11/2005 – 21:10h