PASMO
O vento recolhe as últimas esperanças.
As que adoeceram nos minutos
em que se firmara uma nesga de sorriso:
pálida afirmação do que pensou sim.
Não houve como atravessar o fosso
que exauria pequenas ambições
de se povoar sentidos próprios,
entre o tempo que se quer agarrar.
Não houve o que se pode nominar.
A espera do sempre após,
em que se possa converter
o simples aguardo em algo vicejante.
Tudo passa em ininterruptas cenas.
Tudo passa, tudo é foi.
Tudo amarga o tudo.
Tudo se desfaz em mudanças.
O mais próximo a se agarrar
é o vento, que assimila o corpo
como realidade absoluta
do sentimento da existência.
O vento, à toda hora,
se leva consigo nossos momentos,
existe concretamente.
2005
Sítio de Poesia
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