PASMO

O vento recolhe as últimas esperanças.

As que adoeceram nos minutos

em que se firmara uma nesga de sorriso:

pálida afirmação do que pensou sim.

Não houve como atravessar o fosso

que exauria pequenas ambições

de se povoar sentidos próprios,

entre o tempo que se quer agarrar.

Não houve o que se pode nominar.

A espera do sempre após,

em que se possa converter

o simples aguardo em algo vicejante.

Tudo passa em ininterruptas cenas.

Tudo passa, tudo é foi.

Tudo amarga o tudo.

Tudo se desfaz em mudanças.

O mais próximo a se agarrar

é o vento, que assimila o corpo

como realidade absoluta

do sentimento da existência.

O vento, à toda hora,

se leva consigo nossos momentos,

existe concretamente.

2005

Sítio de Poesia

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ALFREDO ROSSETTI
Enviado por ALFREDO ROSSETTI em 30/11/2005
Reeditado em 19/10/2015
Código do texto: T79225
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