A elevação da grande arte

Quando não há mais nada no mundo

Tristezas, dores, perdas...

Quando não há sequer o peso da vida

Apenas a leveza da música que me toca profundo

Que tira os meus pés da fossa de todos os dias

Que me eleva às nuvens de melodia

E eu sou inteiro os meus ouvidos

Por alguns minutos eu sou tudo

O ápice da mais pura alegria

O momento mais bonito

Sem mais o tempo e suas despedidas

Apenas a beleza da arte

Dos violinos, que voam como cotovias

Da composição que silencia a dura realidade

E não há mais nada, além de uma breve ilusão

Que tem mais significado que a melhor explicação científica

Desde as primeiras células

Até a libélula humana e suas asas de libertação

Se acima ou abaixo, sempre um bálsamo para as nossas existências sofridas

Nossa maior benção

Nossa magia mais poderosa

Nosso desejo mais interminável

Nosso sonho mais impossível

Inspirado por um trecho da ópera Xerxes, Largo, de Handel