Praça Luiza Távora

 

 

A PRAÇA

Praça imensa... sem tamanho...
ela, assim, me parecia
aos meus olhos de criança
- a correr, vento revolto
- a sonhar, brisa vadia.

Praça alegre sempre em festa,
iluminada de luzes
que se acendiam à noitinha
quando, errantes, as andorinhas
se recolhiam em bando
esvoaçando ansiosas
pelo descanso do dia.

Grama seca, maltratada,
recobria seus canteiros
palmilhados o ano inteiro
por pés jovens e irrequietos,
ou namorados famintos
que, no escuro, indistintos,
matavam a fome do sexo.

Grandes ficus já nodosos
nos quatro cantos se erguiam
acolhendo complacentes,
cães sarnentos, penitentes,
criaturas inocentes
sem lar, sem bar, sem parentes...
qualquer um , sem distinção,
se acomodava no chão
e adormecia contente.

Nas alamedas de saibro
bebês, babás, arrulhavam
em algazarra constante
aumentando o colorido
que pulsava em tons vibrantes
naquela praça, distante,
no tempo, no espaço... no olvido.