Poesia: 180 - Cadáveres vivos

Sempre que posso

Converso com os mortos

Meus cadáveres vivos

Corpos na forma de livros

Sua decomposição é lenta

As páginas vão ficando pálidas

Algumas até descolam da brochura

A velhice exige cuidado e delicadeza

Uma casa de muitos livros é um cemitério

Túmulos de conhecimentos e sabedorias

Cadáveres dispostos às conversas silenciosas

Bons livros nas mãos são sempre conversas francas

Estes defuntos tem mais a dizer que milhões de vivos

Quando abro e leio um livro dou vida à um cadáver

Permito que fale à mim e aos outros suas ideias

Observo um livro na prateleira e começo a divagar

Quem sabe um dia eu virarei um cadávere vivo.

Wander Caires
Enviado por Wander Caires em 20/11/2023
Reeditado em 25/11/2023
Código do texto: T7936137
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