Tempestade 2

A janela envidraçada/

Me assentei a ver/

Naquela tarde singela/

O calor arrefecer/

Tão súbito como o ar prensado/

Que sufocava o colo contornado/

De adereços/

Tudo parado,  como a dizer/

Sob os versos subentendidos/

Que algo iria acontecer/

Me tomei por espanto/

Quando o céu começou a dizer/

Em gritos desmedidos/

De trovões,  que iria chover/

As nuvens logo escureceram/

De um tom tão cinza/

Que enegreceu/

As árvores enlouquecidas de medo/

Bailavam a força num vendaval/

Nos chacos rãs e sapos/

Mergulhavam como a não quererem ver/

Os sinais que rasgaram do céu a terra/

Um jogral  de relâmpagos e trovões /

Acendiam e apagavam/

Uma grande agitação/

Cujo teor era confusão/

Numa babel,  que os pássaros/

E outros animais do chão/

Baratinavam sem saber a direção/

Tudo parecia partir, dividir em vários pedaços/

Preparando os argumentos/

Pra aquela diluição/

Era chuva chegando sem condução/

Os rios agradecidos/

E o solo a exaurir/

Cheiro de mato em produção/

O ar pesado descansava no colo daquela restinga/

E a chuva convidava  a vida pra viver/