E o verbo...

Não quero as palavras usuais,

As do cotidiano, do disse-me-disse

E as displicentes.

Quero as engavetadas,

Cheirando a naftalina,

As que se vestem em noites festivas.

Quero as que dizem sem dizer

As que ornam o silêncio

E as que adornam mais do que dizem.

Quero palavras encomendadas,

Esculpidas, as artesanais,

Aquelas que encantam e tocam.

Talvez as palavras antigas

As velhas, das bruxas e dos deuses,

As feitas para enfeitiçar.

E que as palavras mais escondidas

Vistam-se como novas

E venham à luz, exercer seu papel.

Que elas saiam das catacumbas

Erupcionem, eclodam, reencarnem.

E o verbo se faça. Amém.