LAVRA

Dê-me o dom da palavra,

não as letras mudas,

ou versos frios

repousados em estéticas lápides,

represados nas esféricas dos lápis.

Dê-me o dom

de uma plenitude inalcancável!

Insepulta as tentativas nobres da expressão,

e cuida para amealhar eternidades em cada sílaba.

Dê-me a palavra pura, profunda e

imaculada,

apalavrado já está o mundo

em superficialidades.

Deixa perecer adjetivos e substantivos inócuos,

faz aparecer o que mais reverbero : o verbo e a sua intrínseca transformação.

E se lhe parecer ainda fugaz,

converte-me em poesia,

que o resto minha pena há de buscar num infinito qualquer.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 25/12/2023
Código do texto: T7961503
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