Doida mania
Ah, essa doida mania
De acordar antes do dia.
Mexer-se prum lado e pro outro,
Fazer da mia cama um potro,
Trotando em frente a agonias
Qual fosse um coral de harpias.
Essa palpitação doida
Do meu peito que não cuida
Em achar enfim repouso.
Chora um choro assim viscoso,
É nômade - sempre em ida;
Mármore que não lapida.
Pr'esse choro não há lenço,
Não se limpa por ser denso,
Apenas sente-se manso.
Sentir suave, como um ganso
Vai suave num lago intenso,
Quão gracioso entre os balanços.
Dormir. Dormir! Ter descanso!
Cerro os olhos, eu me lanço
À arena em que digladia
O que quis quando era dia
E o que tive no fim do ano
- nem sempre a dor vem do engano.