ALEGORIAS DO INTERNO ME ATRAEM

Tentei evitar encantos, passar batido teus stories

Já tropecei em tantos, suponho que isso por si só me entrega.

Falta fôlego, vocabulário, recorro ao dicionário

Elogio é moeda de troca, toque mediado através da tela.

Culpa minha deixar correr a notícia da ideia

De que a tua conversa convence e me carrega.

A voz rouca discursando solta, mansinha,

Re(des)construindo, provocadora, inquieta,

A parte de admitir que, à parte isso, ainda

Vale a pena viver um romancinho brega.

Teu dom de perfumar a sala só de estar

Não sabe o quanto isso me pega e aquela velha

História do tempo deitar anseios, ditar o compasso,

Confesso que até a fé prostituída reverbera

Quando lembro do teu gosto, olho nu, teu olhar devolve

Num sorriso resolve, efeito tobogã por onde o medo escorrega

Do sossego ao pecado toda peça que me quebra interessa

Um combinado entre o esforço e o universo que modera.

Da euforia na fila até à pausa na pose num fim de festa

Felicidade é a luz de uma fresta, nunca linha reta

No conforto de sentir que caso essa fase acabe

Ainda tem nós dois existindo como em outras épocas.

O tempo é dardo lançado ao vento

E se vem semana que vem, eu ansioso.

Saudade é dardo cravado no peito

Me arrancou (sozinho) sorrisos bobos.

Meu peito é alvo fácil de saudades tuas

Me fez carregar caneta e bloco nos bolsos

Pra não correr risco de perder um rabisco

Descrevendo qualquer momento ardente ou preguiçoso.

Poucas palavras, mas elas contêm tanto,

Tanto o quanto já nem acho mais isso perigoso.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 03/01/2024
Reeditado em 04/01/2024
Código do texto: T7967939
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