a fruta

Como de costume, desço ao pomar onde colho

Diariamente a fruta mais grave, menos ávida,

Mas que se desvenda como cor e sua face me murmura

Seu sabor, reclino-me nas árvores, com deferência,

Percebi que era semente, rompeu a terra, e fez da chuva

E do sol, alguns de seus remédios, já se mostrou frágil,

Talvez sem chances, resistiu, sentiu, aquietou-se

Em sua queda e então uma folha pequena, quase altiva,

Verde como uma criança no peito, recebeu o vento, desdobrou-se

Para o calor, e conheceu outras árvores, com seus frutos volumosos

Da história que escorria da superfície do tronco grosso, retorcido,

Forte e as folhas que enlouqueciam ao vento que as fazia dançar,

Outras folhas, outros movimentos, um pouco para lá, e persistia, um pouco

Para cá e ficava, e mais um pouco contemplava o céu mais próximo, já percebia que carregava

No ventre a flor mais febril, o canto e o sumo das verdades mais ocultas,

Então a flor voltou-se para o mundo, o pequeno fruto, muitas flores e muitos

Frutos, as cores, a sombra de outras árvores, as colheitas diárias e ela agora

Mulher, ou homem, quem se importa, entrega para a vida sua cria mais bela,

Mais formidável, que será no corpo de outra cria uma extensão da vida que ela

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