Ele acreditou

Confiou cegamente em uma ilusão

Entregou sua vida em mãos que não seguram ou puxam

Em mãos que não existem

Acreditou de todo coração

Pulou sem pensar no precipício

Apostou sem saber dos riscos

Acreditou na loucura de sua paixão

Pelo seu próprio ego

Por seu orgulho ferido

E ouviu apenas os ecos dos próprios vícios

E caiu nas armadilhas de sua teimosia

E evitou a verdadeira reflexão

E não pensou na esposa e nos filhos

Porque considerou-se invencível

Que ainda teria razão

Mas fez tudo por amor e devoção

Já perdido em suas próprias tormentas

Cego pela fé no invisível, no impossível

Que dizia que resolveria seus problemas, que seria atendido

Mas foi esquecido, jogado sozinho com suas próprias crenças

E quando viu, estava muito complicado, difícil

Mas continuou acreditando em milagres

Acendendo velas e fazendo pedidos

Até o último fechar seus olhos para sempre

E finalizar o seu ciclo

Mas não fez por ódio ou desprezo

Ainda que tenha desprezado

Que tenha nos deixado no mais completo desleixo

Porque não fez sabendo o que fazia

Porque a fé que o guiava lhe dizia

"Você está certo porque é justo.

Continue nesse caminho e será recompensado, eu lhe juro"

Ele falava para si mesmo