Meu querer sem ponto e vírgulas
Angélica T. Almstadter
Deixo as portas abertas,
e me cubro com as palavras ditas
no calor das horas macias,
tendo como testemunhas
só nossas almas libertas,
as canções favoritas,
nossas mãos trêmulas e frias,
o gozo riscado com as unhas,
o teu e o meu beijo desenhados
nos cetins dos alvos lençóis.
Apago a realidade escura,
e me permito percorrer os corredores
e jardins secretos,
do encantamento das tuas sinfonias,
abraçada aos bemóis,
assoviando com contentamento
os acordes dissonantes
dos teus quereres melodiosos.
O peito cinge o amor com juras, sem censura,
em sintonia pura;
que faz fremir os meu pendores,
aflora em mim muitos afetos,
cerzi minhas alegrias;
porque colho em ti os meus sóis,
e me entrego ao arrebatamento
dos teus versos insinuantes,
de delírios amorosos.
Deito meu corpo nas nuvens do teu céu,
que contes estrelas no meu ventre,
e rasgue entre nós esse fino véu.
afasta -te de todo o litígio,
e na minh´alma adentre,
com teus perfumes exóticos.
esquece do passado o vestígio,
comunguemos nos nossos templos góticos,
o amor que avançou as barreiras
e em nós acendeu as fogueiras...