CHUVA NO MEIO DO CAMINHO

Eu sinto tanto e assumo

Dificultando um resumo

Poucas palavras pra quem

Dispensa o óbvio, inveja o dom,

Sentencialmente sente demais.

Pensando nisso, confundo

Minha própria cabeça

Com essa de deixar estar.

Não tenho condições concretas e

Pra ser sincero sequer pretenções

De te dar o mundo material

Honestamente tais desconfortos

Não me atraem, meu bem.

Tenho-te apreço e considerações

Quero outro estado de satisfações

A vida é breve pra comprar em vezes

Morrer pagando prestações

Te proporcionar espasmos

Num mar imenso de sensações

Propiciar momentos quando eles

Nem sempre parecem caber

O que não invalida o fato de merecer

Cruzar a linha, acostumar a acontecer

Ceder espaço quando um abraço

For calar soluços trazendo solução.

Nem sempre é palavra, tem dias

Que só a presença afina o tom.

Em silêncio aprendi contigo

Que na quietude também é bom.

A vida é feito uma estação de metrô

Todos as chegadas e partidas

Servem de decoração pro coração

Aliviar anseios e depois bagunçar

Não desistir, seguir, tentar e eu

Vou deixar guardando pra ti um lugar

Ainda que insinue outros objetivos

Tomada por tais princípios

Cada plano um novo lar.

E assim seguimos sem rumo

Deixando que o tempo assuma

A qualidade de nos manter aqui

Próximos desse sentir suave

Diante disso, não há empecilhos,

Desfazer vínculos, sair dos trilhos

São só estímulos, sem dissimulações

Reina o riso num coração indeciso

Espalhando vestígios pra justificar

A iludida pureza das próprias intenções.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 19/01/2024
Código do texto: T7979890
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