Pano de Prato
Quando te beijei, Isabel,
Eu botei num carretel
As linhas da tua boca.
Te bordei como louca
No tapete da vida boa.
Depois de ficar à toa,
Finalmente vi a dor:
Você não me fez linha
Eu te bordei sozinha
No tapete da vida boa.
Desfaço o ponto cruzado
Do nosso beijo apertado.
Alcanço a canaleta tonta,
Quando chego na ponta,
Bordo um autorretrato
Num pano de prato.
Arremato meu amor
Em um nó solitário
Me guardo num relicário
Eu, um pano de prato!