CONFISSÕES
CONFISSÕES
Quando minha alma encontrou a terra,
alguém jamais avisou dos sofrimentos,
dos ultrajes e das indignações.
Que a inocência se desfaleceria,
que o corpo se banhava de suor,
suor de loucura, suor de desprezo.
Quando minha vida entrou no mundo,
ela jamais sabia que teria que comprar
a sua própria morte, a sua lágrima...
E diante disto, o espírito e a vida
entraram no eterno desconcerto,
e o irisante sol foi partindo...
Dizendo adeus entre os penhascos,
com seus raios fúlgidos e acolhedores.
Então baixei a fronte para tudo,
e comecei a dizer as revoltas, as tristes mágoas
de um homem decaído e mudo.
E hoje o que me resta
é uma chama,
que além, muito além,
mostra o seu brilho de bondade,
mostra o seu brilho de um novo tempo.
Apenas uma chama,
ardendo pelo bem estar de um dia
e tentando fecundar o lírio
de uma alma semi-morta...
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é janeiro de 2007.