Cantos de Baal I

I

Cantos de Baal

Anda, acorda!

Toma a caneta e o papel e escreva o que te digo.

Ouço anúncios apocalípticos, poeta :

o homem se degrada;

o espaço da poesia é o da ninguendade ;

vivemos no império da técnica e destruição da história

[como

possibilidade real;

Deus tornou-se uma abstração abandonada!

O verso é um vira-lata farejante

que procura alguma coisa pelas ruas ermas.

Quem sabe um dia ele encontrará... quem sabe...

Hoje é a Linguagem que nos interroga, essa esfinge preste a

banquetear quem fala.

Ai de mim! Onde fico nisso tudo.

Apenas escuto passos, mas não os vejo.

Eu te procuro, sentido.

Fabiano Vale
Enviado por Fabiano Vale em 02/12/2005
Código do texto: T80131