Cantiga de mãe

O véu da noite sombria

Deflorava a madrugada

A planta da flôr nascia

No meu jardim germinava

Margaridas e delírios

Boca, olhos, até, cílios

De toda estória contada

Preenchia-me de rios

Ancos, costas e vazios

Que minha mãe me contava

Eram homens todos nus

De borboletas azuis

Que meus olhos penetrava

Serviam-se da natureza

Serviam-se de toda luz

Não eram anjos, nem cruz

Eram somente fadas

Era tudo tão fantástico

O modo de vida dramático

Que minha mãe me contava

Novenas intermináveis

Corriam-se pelas tardes

Nem que o tempo retarde

O nascimento da fruta

Que ao dia luta por água

A noite solta uma mágoa

Das veredas mais ingratas

Guardo comigo o cimento

Do meu primeiro movimento

Que minha mãe me contava

Loucura, alucinação

Eram tempos bem difíceis

Ao mesmo tempo tão prósperos

Não imaginavam marquises

E nem poços de petróleo

Havia só natureza

Que degustava a beleza

Nas fotos do portifólio

Era quase um monopólio

Que minha mãe me contava

Mestre Malakazhan
Enviado por Mestre Malakazhan em 14/03/2024
Código do texto: T8019641
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