Algodão Doce
Minha cabeça não descansa
Se debruça sobre a noite solidão
E os pensamentos são tristes
Como as canções de amor
Minha cabeça não se rende
Nem se prende ou se perde pelas ruas
Pelas ruas da cidade nua
Que nunca serão minhas
Que nunca serão tuas
E o destino não dá trégua,
passa a régua e a fila anda
E o destino é uma guitarra
abandonada na varanda
E o destino é uma tragédia
anunciada em banda larga
É um menino, com seus sonhos,
estendido na calçada
Minha cabeça não desiste
nem resiste, nem limita a madrugada
E a balada que persiste
Morde a língua e a palavra
Minha cabeça na balança
Pesa quanto vale o algodão doce
É a vida que não muda
E o sossego mais distante
Itinerante e sempre em fuga