Algodão Doce

Minha cabeça não descansa

Se debruça sobre a noite solidão

E os pensamentos são tristes

Como as canções de amor

Minha cabeça não se rende

Nem se prende ou se perde pelas ruas

Pelas ruas da cidade nua

Que nunca serão minhas

Que nunca serão tuas

E o destino não dá trégua,

passa a régua e a fila anda

E o destino é uma guitarra

abandonada na varanda

E o destino é uma tragédia

anunciada em banda larga

É um menino, com seus sonhos,

estendido na calçada

Minha cabeça não desiste

nem resiste, nem limita a madrugada

E a balada que persiste

Morde a língua e a palavra

Minha cabeça na balança

Pesa quanto vale o algodão doce

É a vida que não muda

E o sossego mais distante

Itinerante e sempre em fuga

Marco Araujo
Enviado por Marco Araujo em 04/01/2008
Código do texto: T802172
Classificação de conteúdo: seguro