Diálogo noturno
“deve ser da alma agigantada”
mas me conduzo sem calma
é da pequeneza que minha boca é cala
é de temer a morte que me vem a vida
“é de detestar me os desvios que vejo finda”
é de afogar que me vem o fogo,
é de mentir que sou só mentira.
“é que o mundo não me contém na língua”
é que eu nasci assim, alienígena,
pobre menina, anda inda sem companhia,
poeta que não fala, se mata em dor
é que nunca na vida falei sem pudor.
— Sofro ! sofro de tanto amor,
morro na ânsia de consumir me o calor,
queima me a alma mas sou gelo,
sofro! por não ter te sequer a dispor,
morro ! em meu mar de virgem amor. -