ÉBANO

Eras tu

de pele envolvente,

solvente

dos olhos cansados

da monotonia das cores.

Como desejo tê-la

em minha aquarela,

capturar teus olhos

na tela que me devora

com a pintura

da tua epiderme.

Teu sorriso

é tua vez,

tece

a voz

na liturgia

do terço,

do traço,

que destroça

a letargia

da palidez.

Quero naufragar

nesse teu corpo,

no redemoinho

com que rodopias

tuas seduções,

e, exausto,

desfalecer-me no colo,

para acordar no útero

das fecundações.

Quem és tu,

que do ébano vem

furtar o meu sono

e povoar os sonhos

nem sei como,

talvez no cromo

de tua encantadora tez ?

Hei de banhar-me

em todas as águas,

de tanta liquefação

uma delas

levará ao teu sumo,

no qual me consumo

quando se consuma

a minha perdição.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 30/03/2024
Código do texto: T8031413
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