Retorno da primavera

Mainha, minha voz agora me apavora,

minha sombra cala, já virou déspota.

na minha terra, nem mais carcará voa,

e lembro, quando meus brincos de pérola,

reluziam inteira tua face morena,

é, estou morta, e antes muita era !

sonhei com a minha volta,

andei, por estradas estreitas,

nem me candidatei, como antes era prefeita,

a! mainha, eu levantava bandeira,

dizia, afinca, do que era feita …

o que me resta ? ausentar a ceia,

talvez, para ter apontada ao menos uma queixa.

me jogarei então na caçapa

e vou aonde, um outro me levar,

mas, ainda ! nas matinas tu brilhará

e minha nostalgia de menina, reacenderá

mãe minha, minhas pintas já te ilustram,

meus caminhos, já tem pegadas,

minha dádiva, hoje minha, é brusca,

e tu! que dá vida à uma flora inteira,

quando, sem suspeita, passará,

e deixará sob o manto teu perfume,

e eu aqui, sou uma fruta sorrateira,

que do seu trabalho, caiu numa extensa sexta feira,

E de novo, eu te louvo, minha deusa !

Luana Cezar
Enviado por Luana Cezar em 30/03/2024
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