Retorno da primavera
Mainha, minha voz agora me apavora,
minha sombra cala, já virou déspota.
na minha terra, nem mais carcará voa,
e lembro, quando meus brincos de pérola,
reluziam inteira tua face morena,
é, estou morta, e antes muita era !
sonhei com a minha volta,
andei, por estradas estreitas,
nem me candidatei, como antes era prefeita,
a! mainha, eu levantava bandeira,
dizia, afinca, do que era feita …
o que me resta ? ausentar a ceia,
talvez, para ter apontada ao menos uma queixa.
me jogarei então na caçapa
e vou aonde, um outro me levar,
mas, ainda ! nas matinas tu brilhará
e minha nostalgia de menina, reacenderá
mãe minha, minhas pintas já te ilustram,
meus caminhos, já tem pegadas,
minha dádiva, hoje minha, é brusca,
e tu! que dá vida à uma flora inteira,
quando, sem suspeita, passará,
e deixará sob o manto teu perfume,
e eu aqui, sou uma fruta sorrateira,
que do seu trabalho, caiu numa extensa sexta feira,
E de novo, eu te louvo, minha deusa !