Torto

Uma sombra sempre caminhou comigo,

Um quê indecifravelmente esfíngico,

Um gosto rançoso entre os caninos,

A aura que segue a todos os esquisitos.

Sempre senti um silencioso nojo

Dos olhos humanos invasivos,

Míopes e estrabicamente tortos,

Julgando diariamente meu jeito coxo.

Nasci com um desalinho anatômico,

Decifrado agora após décadas,

Que este meu jeito socialmente torto

É apenas herança genética.

Tubarão-SC 02/04/2024

@mirtilopoetero

Murilo Paes Corrêa
Enviado por Murilo Paes Corrêa em 02/04/2024
Reeditado em 02/04/2024
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