NÃO SEI.
Todos somos passivos de erros que nos deixam marcados aos olhos de muitos. E ao contrário do apoio que necessitamos, o que recebemos são indiferenças e cobranças que no desesperam pela sensação de culpa e da necessidade do socorro que não temos e nos entregamos ao sentimento do “não sei” – não sei porque fiz; não sei porque não param de me cobrar; não sei porque...
E este poço que cresce, que sufoca e que consome.
Nesta angústia que não define.
Mas me definha
me intimida e me alucina,
Não me mostra o caminho,
me toma o cachimbo e não me deixa ter paz.
Como é caro o preço do erro ou de erros,
e de contas não pagas.
Porque o mundo que cobra,
só cobra em facadas.
Mas esquece!
E de novo aborrece.
Chega outra vez a cobrança,
e eu que feito criança,
penso e digo: “Não sei!”
Ou então: “Já paguei!”
Depois é a vez do juiz, que já estava comigo.
E ainda me chama de amigo.
Me pergunta o que eu fiz,
parar querer ser feliz.
O juiz estava sério quando falou.
Falou sério e sorriu.
O Promotor aplaudiu
e a defesa calou.
Fez meu poço mais fundo,
mas vazio o meu mundo.
E de medo eu falei,
na resposta mais curta, abstrata e biruta.
Eu disse: “Não sei!”