A RAZÃO DA MORTE

Em mim existe um pranto simplório

Que não chora por mais aflito que esteja

Unicamente porque teme ferir a sombra

De outras solidões mais delicadas

De outros lamentos de ternura

Na chuva de jasmins sinto teu perfume

Num ramo da vida vago sozinha na noite...

Sobre minha cabeça a flor dos sonhos

Abriu-se em seivas trazidas dos céus

Essa brisa leve pousou nos teus lábios

Espalhando-se esse aroma exausto

Na rosa rubra da rosa desfolhada

Da folha celeste ─ o pássaro cipreste

Vou prolongando a vida do meu sonho mudo

Nas esquinas do tempo estava a morte

Nos versos dos poetas, santos e procissões...

Em mantos de liras davam sinais

Pelas janelas do poente caiam rosas

E se jogavam pelas calçadas amarguradas

Nessa bela e breve manhã de outono

Para a derrota de todas as tardes e noites

No vasto esplendor dos meus sentimentos

Que brilham formosamente em mim...

Nas quatro esquinas surgem:

A morte de coração parado

Na infância de largos ventos

Em arrependimentos universais

Nos dias claros da aurora

A morte chega e ao mesmo tempo canta

Entre as feras, poetas e santos,

Por todos os lados ─ tudo é efêmero

Ao longe ─ o mar no céu altivo e largo...

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 06/04/2024
Código do texto: T8036189
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