rotas

Mergulha tua rua na água tumultuada,

sob a tempestade, a liberdade desabrigada.

Talha teu sonho no signo da carne viva,

espera pelo alvorecer, festim de luz e cor.

Três escolhas se desdobram no mapa de teu ser:

a queda, invisível nos registros do tempo;

o caminho da mente, alinhado e preciso;

ou celebrar os extremos - o gozo e a dor consumidos,

que em memória, teu coração em camadas revive.

Percorre as ruas gravadas em tua memória,

onde a poeira se levanta em dança com a sombra,

desafiadora. Sob o sol, o azul mais puro, o vermelho sangue.

Da chuva silenciosa, uma epifania de estrelas,

palavras como constelações, rios de múltiplos sentidos.

A ternura fugidia, vista nos olhos, sentida na carne,

como uma estrela em luta pela existência,

cores sussurrando através das árvores, onde a luz se filtra.

Conhece tua agonia, a estéril vastidão onde o medo nada semeia,

exceto o desespero de uma história sem fim.

Acende a espiral de gasolina, inclina a lâmpada para que o olhar

se derrame nos veios da solidão. Ama, ama de todas as formas,

raso ou profundo, sagrado ou doente.

Sê a essência feminina, sê a severidade masculina,

mesmo que em nenhum te reconheças,

até que, na fusão sublime, ambos se tornem um só,

e não deixes a morte chegar antes de te entregar seu convite final.