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E haviam dias, que mesmo com o sol a arder no céu, ela sentia nublar e chover e, talvez você pense que ela ficasse triste com isso, mas na verdade, ela preferia dias frios e chuvosos.

O que a fazia triste eram as pessoas que a apontavam como estranha pelas coisas não comuns que a interessavam e por estarem sempre ditando como ela deveria viver e se sentir.

"Não esteja feliz demais com isso!", "Não se aborreça com isto!", "De que adianta se irritar com aquilo!?", eles diziam, sorria, ignore e sempre se escolha, complementavam.

O que não sabiam é que desde cedo ela sempre se escolheu e por isso, sempre foi dada como rebelde ou causa perdida.

Ela sempre priorizou os seus sentimentos e vontades e até chegou longe com isso, passando por cima dos escombros que sussurravam "egoísta", "Metida", "esnobe". Ela aprendeu a se ferir e se curar. A rir só. A improvisar, se virar, brigar sozinha na frente do espelho, se abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Aprendeu a correr e a permanecer. A engolir o choro, a raiva, o riso, as ideias malucas, a empolgação, o canto, o silêncio, o café morno...

Aprendeu a costurar e costurou, a mais firme e impenetrável casca, onde ela faria eterno refúgio subterrâneo e com um longo tempo ela até conseguiu algum reconhecimento, alguma admiração pela pessoa que se tornou, mas o que ninguém sabia, era que lá no fundo ela não precisava de mais auto escolhas, ela precisava ser e se sentir escolhida.

Precisava que o café fosse servido quente e lhe fosse servido.

Ao menos uma vez ela precisava, desesperadamente, que a rainha empoderada pudesse voltar a ser princesa...

Ruiva Moon
Enviado por Ruiva Moon em 19/04/2024
Código do texto: T8044997
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