A moça dormia

num sono entorpecido 

dormida dos dias apressados 

semblante ofuscado 

pelos cheios vazios

Levantou-se cambaleante

deslizante de vontades

corpo delirante dos sonhos

anestesiado 

do dia passado

Titubeante de sono

entregou-se à lentidão 

.

Comeu pão amanhecido 

por longos minutos 

Ainda dormente, passou o café 

pegou o terço, moça de fé

rezou, sonada, uma Ave Maria

Em dias assim

 dormidos 

domingos 

lentos

apenas era

.

Olhou pela janela

até os latidos ficavam vagarosos 

Lentamente, avistou

um senhor sentado

olhos ao nada 

e a moça ali 

Parada

sonâmbula de si

.

No fim

dormida de ausências

sentia saudades de outros tempos

outras gentes

Em dias assim

fazia pausa de si

.

Em sua companhia

o inteiro nada

Lembrou-se

era domingo

Em dias assim

adormecia o tempo