O CRISTO REDENTOR

daqui onde estou vejo o Cristo

com a cabeça fora da neblina,

olhar desconcertante sobre a cidade,

presença confirmada em cada esquina.

tão alto

vejo apenas o nariz geométrico no semblante pétreo,

a boca entalhada declama sua mudez,

os braços imensos rasgando o espaço aéreo.

elevo os olhos, o que vejo?

a pedra ereta e indiferente;

cerro os olhos num ensaio de prece,

diante de uma fé inexistente.

ecoaria dulcíssima melodia

caso nem tanta fosse a distância.

ouço apenas o monólogo do mar

em elegante jactância.